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Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil
- Presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora - 1º Vice-Presidente da FECOMÉRCIO-MG - Conselheiro Efetivo do SENAC/MG e SENAC/NACIONAL - Conselheiro do COIND/MG - Bacharel em Direito - Bacharel em Administração de Empresas - Empresário do Comércio

domingo, 15 de abril de 2012

PALAVRA DO PRESIDENTE JANEIRO/FEVEREIRO 2012

Recente pesquisa da Exame/Ipsos apontou que a maioria dos brasileiros não sabe quanto paga de juros e mantém os planos de compra, mesmo se as taxas subirem. Hoje, seis em cada dez carros vendidos no país são financiados. Oito em cada dez pacotes de viagens de turismo são vendidos em até dez parcelas. Num momento em que os consumidores estão se endividando mais do que nunca, fica a pergunta: Será que essa postura não põe em risco o crescimento da economia, criando uma “bolha de crédito” que gera uma falsa aparência de economia sólida e crescente?
Quando a média de 67% dos consumidores desconhece quanto paga de juros (87% Classes D e E, 71% Classe C e 46% nas Classes A e B), a situação é preocupante. Nessa mesma pesquisa, 50% não consegue guardar dinheiro para comprar bens de alto valor à vista e 42% compra à prazo se a prestação couber no bolso.
Geralmente, o aumento dos juros é a medida mais eficaz para frear uma economia. Assim os juros embutidos nas parcelas tornam-se cada vez mais altos que o aumento dos salários, conforme o número de parcelas do bem adquirido. Acontece que o consumidor, seja de que classe for, continua comprando sem se preocupar com possíveis problemas de equilíbrio financeiro.
Os empresários do comércio, em sua grande maioria, negociam através de cartões e não percebem o efeito futuro que isto pode causar em suas vendas, já que em um primeiro instante não correm riscos. As operadoras de cartões, além de ganharem com aluguéis das maquininhas, taxas de administração e porcentagens cobradas para que o lojista possa estender o número de parcelas ofertadas ao cliente, contam com juros altíssimos cobrados por eventualidade de atraso, que só não tem caráter abusivo pela existência de previsão legal. O efeito futuro é que o consumidor endividado deixa de consumir e, conseqüentemente, o empresário pára de vender e de empregar, causando um efeito reverso na economia. As mercadorias, de certa forma, estão estáveis quanto aos preços, porém os juros se elevam se o consumo e a inadimplência crescem.
O crédito no Brasil cresceu consideravelmente (61%), enquanto na Europa e nos Estados Unidos esse crescimento foi inferior (24% e 4%, respectivamente). A comprovação disso é que as linhas de crédito para pessoas físicas que mais crescem no país são as que cobram os juros mais altos. Os cartões de crédito cobram juros médios anuais de 238%, o cheque especial de 185%, e o crédito pessoal de 49%. A inadimplência geral das pessoas físicas obteve a maior expansão em nove anos, 22%.
Com a renda crescente e desemprego baixíssimo, o consumidor vai as compras, não faz contas e acaba utilizando limites do cartão de crédito e cheque especial como se fossem rendas, esquecendo que os juros praticados por esses recursos são vorazes. A conseqüência é que o consumidor acaba comprando mais "juros" que “produto”.
No Brasil de hoje, o presente vale muito mais que o futuro. O receio é virar uma “bola de crédito” e que seu efeito futuro seja a inadimplência e o desemprego. O que agrava o problema brasileiro é a taxa de juros de empréstimos, muito maior que em outros países. Nos Estados Unidos, quem compra um carro financiado paga em média 6% ao ano de juros. No Brasil, os juros podem chegar a 30%.
É fato que lá fora está pior, pois enquanto o endividamento do brasileiro é recorde, a situação dos consumidores dos países desenvolvidos é muito mais agravante, devido a um conjunto de fatores: endividamento pesado; crédito fácil; dívidas de longo prazo, como os financiamentos imobiliários que duram cerca de 30 anos; e a crise financeira atual.
Exemplos de outros países precisam servir como alerta, para que não façamos nossa economia seguir para o mesmo caminho do abismo do endividamento, seja da pessoa física ou jurídica.

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